2022-11-29

Restituição de bens culturais

 


Toda a gente tem obrigação de saber que nós portugueses fomos uma fonte de civilização em África, onde deixamos um grande património cultural e civilizacional que em nada nos envergonha se comparados com outros povos europeus.

Por isso nada temos a devolver (o que nem sequer até agora nos foi oficialmente pedido), pelo que são dispensáveis os delírios de alguns acéfalos.

Os bens museológicos oriundos de África, cuja devolução vem sendo pedida por vários países desse continente, assim como por países do sul da Europa que também foram pirateados, foram saques de guerra, o que nada tem a ver com as colecções etnográficas e etnológicas africanas reunidas — pacificamente — pelos portugueses, e dispersas por alguns museus nacionais.

Caso essas peças tivessem ficado em África, não teriam sobrevivido ao tempo, tal como os milhares de peças de arte que lá deixamos, desprezadas e ao abandono. Foram muitas centenas de obras de estatuária e pintura, sobre a História que temos em comum com esses povos, que foram destruídas numa sanha persecutória à nossa história comum.

Jamais devemos devolver os bens culturais que reunimos – pacificamente, repito – nas então colónias portuguesas de África.

Há por aí um pequeno grupelho de portugueses de papel passado, mas com problemas de identidade e de pertença, que se propõe (patrioticamente?) ao confisco do nosso património museológico...

Melhor seria que estes seres carregados de melanina, fizesse alguma coisa útil em prol do país — que dizem também ser seu, apesar de o quererem espoliar —, e reivindicassem a devolução do saque cirúrgico feito pelas invasões francesas sob as ordens de Napoleão, pelo seu executor, o célebre naturalista e zoólogo Geoffroy Saint-Hilaire.

 Isto, sim, foi uma pilhagem geral feita por todo a País, com incidência em Lisboa onde o maior roubo foi no Tesouro da Sé (da qual carregaram várias carroças com artefactos de ouro e prata), nos palácios nacionais, e em diversos museus; assim como em Évora onde saquearam todas as igrejas, conventos, mosteiros e ricas casas particulares durante três dias em Julho de 1808.

 Com estes roubos de bens culturais, os franceses enxamearam os seus museus de belíssimos e seculares artefactos de origem portuguesa, os quais estão à espera do berreiro histérico da esquerda portuguesa, repleta de ódio como é seu timbre, que exija a sua imediata devolução — até porque foram roubados com extrema violência, nalguns casos até com homicídios.


Para facilitar o trabalho proposto, aqui vai uma pequeníssima lista dos bens culturais a reaver:

1. Milhares de espécimes, das quais faziam parte centenas de animais empalhados (do Palácio da Ajuda saíram mais de mil animais), e vegetais, os quais fazem parte da colecção do “Cabinet de Lisbonne”, actualmente no Museu de História Natural de Paris.

2. Vários carros de bois carregados de peças de metal precioso (ouro e prata), saqueados ao Tesouro da Sé de Lisboa.

3. Muitas colchas indo-portuguesas, actualmente no Museu de Lion.

4. Centenas de porcelanas, actualmente no Museu do Louvre.

5. Milhares de gravuras (de espécimes botânicos) e fotolitos da Impressão Régia.
4. Milhares de raridades bibliográficas, roubadas dos conventos e da Impressão Régia.

Caso estejam tão preocupados com os bens culturais “desviados”, e desempenhem bem esta tarefa, dar-lhe-emos listas maiores, para se ocuparem da defesa do património da pátria — que dizem também ser sua…

Depois desta reposição proposta, iremos analisar a questão dos bens culturais deixados / trazidos de África – já não falando do património em geral.


                João Trigueiros