Mitra, Tauroctonia, séc. II ou III d.C., Fiano Romano, Roma; Paris, Museu do Louvre. |
A perseguição à tauromaquia faz parte da actual "guerra cultural", um conflito entre os valores considerados progressistas ou liberais, em confronto com os valores tradicionalistas ou conservadores. O seu objectivo é afrontar diversos grupos sociais nacionalistas e patriotas, que tentam confundir com ultranacionalistas e chauvinistas, na esperança vã de facilitar o caminho da esquerda globalista na implantação do seu sistema de valores; tese esta comprovada pelo envolvimento de diversos movimentos sectários de extrema-esquerda em todas as organizações e manifestações antitaurinas sob o pretexto de combater a crueldade animal. Estes falsos paladinos passam incólumes perante a existência de muitos outros gravíssimos problemas, tais como desumanidade da existência de muitos milhares de sem-abrigo cuja resolução devia ser priorizada …
Tourada, estocada final, México. |
Porém,
o marxismo cultural com a convocação à discussão pública destes temas
fracturantes que instigam à
discórdia – onde se incluem as milenares e naturais alterações climática –, têm
esperança de que um povo dividido e enfraquecido se torne mais obediente e
receptivo à imposição do controle social. Porém, esta técnica já conhecida há
cerca de um século, apenas provoca a resistência à subversão dos valores
tradicionais, devido ao apego inquebrantável de muitos portugueses à secular cultura
tauromáquica.
A
sociedade, sendo ou não, adepta da festa-brava, deve opor-se limitação dos seus
direitos em relação a esta longa tradição histórica, pois, quem não perfilha
estas práticas culturais ancestrais, deve afastar-se delas, ou combate-las pelo
palavra; e não tentar a sua proibição, impondo aos outros as suas preferências de
ver o mundo, seja sob que pretexto for…
A
cedência à intolerância neste campo, é o primeiro passo para nos conduzirem à
proibição da caça, da pesca, do abate de qualquer espécie animal em matadouros;
compelindo-nos à adopção de um regime vegetariano com todos os malefícios
próprios da falta de consumo de proteína animal. A proibição deste modo de
vida, irá levar-nos muito mais longe na senda de proibições, tal como uma série
de acontecimentos sociais contestados pela extrema-esquerda…
A
própria igreja católica, por iniciativa do Papa Pio V (1504-1572) em 1-XI-1567
promulgou a primeira Bula papal – “De Salutis Gregis Dominici” – proibindo as
touradas pela sua alegada crueldade “contrária à piedade e caridade cristãs”; quiçá
atemorizada pela sobrevivência, ainda que ténue, deste vestígio ancestral do culto
do deus Mitra, ao qual votavam um grande ódio, ao ponto de representarem Mitra
como Belzebu/Demónio, o qual os teólogos do Concílio de Toledo (427 d.C.) definirem com a figura de um touro medonho.
Ao
mesmo tempo, este cristianismo aparentemente preocupado com crueldade animal,
viria a promover a tortura e morte na fogueira de milhares de hereges em
espectáculos públicos da mais degradante selvajaria. A quase totalidade dos
soberanos reinantes na Península Ibérica, não aderiram aos desígnios desta Bula
sob pressão das camadas populares. A mesma recusa impõe-se em relação à
proibição da tauromaquia actual.
Se há um comportamento bárbaro no sacrifício do touro como um animal de culto, ele acabará por extinguir-se naturalmente com o progresso da humanidade, tal como se extinguiram os sacrifícios humanos para apaziguar a ira dos deuses …
Tauromaquia e Mitraísmo
A origem da relação do Homem com o touro nestes “rituais”, perdem-se na poeira do tempo. São prova disso as suas várias representações na arte rupestre do Paleolítico Superior em Portugal (Foz Côa, 18.000-15.000 a.C.) ou em França (Lascaux, 15.000-13.000 a.C.), que expressam a admiração e veneração do Homem pela sua bravura.
Touro, Gruta de Lacaus, França. |
Um dos seus antepassados pré-históricos, o possante Auroque, extinto em 1627, foi provavelmente visto como um animal mítico, símbolo da virilidade e da força, quiçá passível de ser sacrificado para apaziguar os Deuses, ou propiciar os seus favores, substituindo-se aos sacrifícios humanos.
Deste
modo, o enfrentamento do touro pelo Homem e o seu sacrifício, foi a forma simbólica
deste nobre animal ser reverenciado e nos apropriarmos das suas principais qualidades:
coragem, bravura, força bruta, fecundidade e poder.
Auroque, Gruta de Altamira, Espanha, 30.000-11.000 a.C. |
Este “ritual” manifestou-se nas mais diversas sociedades mediterrâneas, como podemos observar no milenar culto de Mitra (Mithra, o deus da luz); na Epopeia de Gilgamesh (Mesopotâmia, II milénio a.C.) onde a morte do touro é uma mistura da pega pelos forcados na tourada portuguesa com a estocada final na tourada espanhola, após o que lhe arrancam o coração para oferecer ao deus-sol, aplacando a sua ira; nos frescos do palácio de Knossos em Creta (Grécia), civilização Minóica; nos mitos da antiguidade grega como o do Minotauro (uma espécie de «descarga catártica» do colectivo).
Mitra, Mitreu de Sidon (389 a,C,), Libano; Paris, Museu do Louvre. |
O auge do sacrifício ritual do Touro – não pelo prazer do sofrimento infligido, mas pela veneração devida ao seu estatuto sagrado ao longo dos milénios – foi atingido no ancestral e misterioso culto oriental do deus Mitra – Mitraísmo –, provavelmente nascido na Índia, mas com as suas raízes próximas na antiga Pérsia (actual Irão), que remontam ao segundo milénio a.C., espalhado inicialmente por todo o Mediterrâneo. Este culto, difundido pelos escravos libertos, mercadores da Ásia Menor e legionários romanos que serviram no Médio Oriente e no Mar Egeu, concorreu em todo o império romano com os primórdios do cristianismo (séc. I d.C. a IV d.C.) que incorporou alguns dos seus princípios.
Mitra,
no panteão mazdeísta da antiga Pérsia, era "Juiz das Almas",
protector da verdade e inimigo do erro, sob uma concepção dualista que
representava a existência do bem e do mal.
O
Mitraísmo veio a ser eliminado nos fins do século IV d.C. com a perseguição feroz
feita por Teodósio I (347-395), o qual a 27-II-380 d.C. declarou o cristianismo
a única religião imperial legitima, proibindo a “adoração pública” dos antigos
deuses. Foi este o golpe mortal desferido sobre Mitra, cujos templos foram
sistematicamente arrasados, reaproveitados para igrejas, ofícios ou habitação,
e cujas representações iconográficas foram destruídas e os seus rituais
proibidos; pelo que o cristianismo passou de perseguido a feroz perseguidor, tentando
apagar todos os seus vestígios, apesar de se ter apoderado de alguns dos seus mais
simbólicos rituais que transfigurou, por não os poder apagar da memória popular.
Mitra, Tauroctonia. |
Apesar da repressão sobre a religião
derrotada, os seus rituais arreigados nas camadas populares passaram à
clandestinidade e foram praticados em segredo durante muito tempo. Um destes, que
consistia na matança do deus-touro e no derramamento do seu sangue (tauroctonia)
para espargir os iniciados num baptismo ritual, transfigurou-se subtilmente na tourada
portuguesa onde o toureiro/matador, apeado, matava o touro com uma certeira estocada
final – prática actualmente proibida. Antigamente,
depois da lide estar completa, e do abate dos touros, passava-se a um repasto
que mais uma vez nos remete para os banquetes rituais mitríacos.
Daí
a igreja ter pretendido a proibição da corrida de touros com o argumento da sua
desumanidade, enquanto torturava e queimava nas fogueiras da Inquisição milhares de
hereges…
Este ritual simboliza a vitória sobre as forças das trevas. Das feridas da fera sacrificada brotava trigo (pão) e uvas (vinho), símbolos da morte e ressurreição, que posteriormente se tornam comuns ao cristianismo (Última Ceia / Eucaristia). Mitra tinha no touro um imprescindível animal sacrificial, pois, o seu sangue era um meio de expiação e purificação.
Mitra,Tauroctonia no Mitreu de Heddeerheim, Alemanha. |
Também na crença cristã, os seus seguidores são salvos pelo sangue de Cristo ao morrer na Cruz, não havendo o menor prazer na sua morte, pois este é um sacrifício expiatório pelos pecados da humanidade que, deste modo, são redimidos e recebem a salvação eterna.
Quanto a Mitra, é representado iconograficamente no momento exacto da morte ritual do Touro, rigorosamente sempre da mesma maneira. Ostenta um barrete frígio na cabeça que na Roma antiga era o atributo dos escravos libertos, e segura nas narinas do touro com a mão esquerda, com a perna esquerda dobrada em ângulo e pressionando a coluna da fera que ritualmente é morta com um gládio pelo seu lado direito, espetando em direcção ao coração do touro, o qual está ladeado de um cão, uma serpente, um corvo e um escorpião, acompanhado por vezes também de um leão e de uma taça.
Para culminar esta complexa representação, temos à esquerda a representação do Sol (o Sol Invictus, ou Sol Inconquistável), enquanto que a do lado direito é a Lua, identificável pelo crescente.
Nos
lados, esquerdo e direito, podemos ver ainda duas figuras humanas: Cautes (com
a tocha acesa para cima) e Cautopates (com uma tocha para baixo), metáforas do
nascer e do pôr do sol, ou da “vida nova” e da “morte”. Tudo isto representado
no interior de uma caverna, com complexos significados astrológicos/simbólicos.
Mitreu de Óstia, a 25 Km de Roma. |
Destas celebrações não nos ficaram narrativas escritas pelos mitraístas, pois estas terão sido escamoteadas pelo cristianismo triunfante. Sobre este culto, na sua variante romana, restam evidência arqueológicas e inscrições, algumas na Península Ibérica, assim como na literatura Grega e Latina.
Mitreu particular de Lugo (212 e 218 d.C), reconstituição, Galiza, Espanha. |
Mitra foi um Deus exaltado pelos
Mistérios romanos (Mitraísmo romano), popularizado pelos legionários que serviram no Médio
Oriente e no Mar Egeu a partir do I séc. d.C. Este culto,
espalhou-se pelo Mediterrâneo, competindo na sua popularidade com o
Cristianismo nascente, mas acabou por ser suplantado por este. Há dezenas de representações iconográficas antigas deste ritual de Mitra
que a arqueologia tem posto a descoberto.
Sabemos que o sangue do touro imolado ritualmente era usado para o baptismo mitríaco que consistia no aspergir do sangue ainda quente do touro sobre o iniciado, no taurobólio, o local de sacrifício. Este era o mais importante sacramento de alguns ramos do mitraísmo, um ritual de purificação e renovação da maior importância simbólica, imortalizado em imensas esculturas e baixos-relevos que chegaram até aos nossos dias. Este ritual, simbolizava a morte e a ressurreição, tal como no cristianismo bem mais recente que incorporou alguns conceitos mitríacos, entre eles os banquetes sagrados que foram imortalizados na Última Ceia. Estes espaços eram diminutos e alguns deles estão hoje incorporados nas criptas das igrejas cristãs sobre eles edificadas, tal como são os casos da catedral de Canterbury e São Paulo, em Londres; do mosteiro de Monte de Saint-Michel, em França; algumas catedrais de Paris; e a própria catedral de São Pedro em Roma.
Mitra, tauroctonia, fresco. |
Campinos conduzindo os touros à Praça. |
Os
fiéis do culto de Mitra, partilhavam o pão, o vinho e a água; além de comerem a
carne do touro. O seu baptismo e banquete ritual, tal como a santificação do
Domingo, foram incorporados no Cristianismo; assim como o 25 de Dezembro (junto
ao solístico de Inverno) – festa do Sol Invicto dos romanos – então data da
celebração do nascimento de Mitra, que foi adorado pelos pastores, origem do
Natal cristão.
A
tauromaquia actual é uma reminiscência dessas influências milenares,
geneticamente entranhadas em muitos povos do Mediterrâneo, uma espécie «fuga
por onde se esvaziam a violência recalcada, os instintos perversos, a desordem
psíquica, os efeitos da opressão e das normas sociais» (ESPÍRITO SANTO, Moisés.
O Touro na Bíblia: Símbolo de Deus e Vítima Sacrificial. Mediterrâneo, 1995,
5/6, 11-23).
O culto de Mitra terá nascido em 1200 a.C. e aparece nos Vedas como uma divindade solar, deus da amizade e dos negócios, cujos rituais foram evoluindo ao longo do tempo, conforme as geografias onde se foi implantando, tendo influenciado o cristianismo, assim como a tauromaquia que gira à volta do seu principal ritual que é a morte do touro – a “tauroctonia”, o acto mais simbólico e central no mitraísmo.
Com origem na caça e na preparação do Homem e dos equídeos para a guerra, esta ancestral confrontação do homem com o touro sempre marcou os momentos de celebração mais importantes da sociedade portuguesa e espanhola; tais como os casamentos e coroações reais, nascimento de príncipes, preparações para batalhas, cerimónias religiosas, acções de solidariedade, homenagens a chefes e dignitários de Estados.
A corrida de touros é um espectáculo tradicional que consiste na arte de lidar touros
bravos, tanto a pé quanto a cavalo, combinando habilidade, coragem e tradição,
com ênfase na estética. Os trajes dos toureiros, os movimentos elegantes
durante a lide e a música que acompanha o espectáculo contribuem inegavelmente
para a sua percepção como uma forma de expressão artística, a qual tem ao longo
do tempo inspirado outras formas de arte, como a pintura, a literatura e a
música. Apesar de alguma controvérsia que suscita, deve ser preservada como
património cultural.
Os
primeiros registos desta cultura (corrida à Portuguesa) remontam ao século XII,
sendo que a sua expressão mais forte sempre decorreu na Península Ibérica,
embora seja muito comum no Sul da França e em diversos países da América
Latina, , assim como na China, Filipinas e Estados Unidos, graças à influência
Ibérica.
Em
sentido amplo, a tauromaquia é uma actividade económica relevante que inclui
todo o desenvolvimento prévio do espectáculo, desde a criação do touro, a
confecção dos trajes dos participantes, além do desenho e publicação do cartel
taurino e outras manifestações artísticas ou de caracter publicitário, que
variam de acordo com os países e regiões onde a tauromaquia subsiste.
A
este espectáculo-ritual aderiram destacadas figuras históricas, literárias e
artísticas, das quais destacamos: o rei D. João V, Marquês de Marialva,
Fernando Pessoa, Hemingwai, Pablo Picasso, Salvador Dali, etc.
Vivemos
num mundo injusto e cruel – com fome, guerra, genocídios e muita maldade humana
– onde, comparativamente, a “crueldade” da tauromaquia acaba por ser
insignificante e faz parte da nossa “herança selvagem”.
Comprazer-se
com o sofrimento de um nobre animal como é o touro, jamais é o objectivo de um
aficionado das corridas tauromáquicas como malevolamente propagam os
antitaurinos, pois, sempre que um toureiro por inépcia inflige algum sofrimento
desnecessário ao animal, é vaiado por toda a praça.
Não
podemos deixar de notar que o abate do gado em muitos matadouros –
industrialização da morte animal –, assim como a criação de várias espécies
para alimentação humana, é feita em condições sanitárias deploráveis e de
grande sofrimento animal, as quais não têm eco na opinião pública devido à sua
falta de visibilidade. O que não se vê, não dá votos aos oportunistas da
política…
Praça de touros (o taurobólio moderno). |
A
"FESTA BRAVA", no ano de 2019 foi responsável pelo abate de apenas
cerca de 800 touros de lide, enquanto o “bife no prato”, que muitos
antitaurinos não dispensam, abateu 337.330 bovinos (dados do Instituto Nacional
de Estatística)
A tourada é uma arreigada tradição cultural de crenças, valores, tradições e costumes em algumas regiões como no Ribatejo e o Alentejo, não percepcionadas como tortura animal, a qual podia ser minorada com a morte do touro na praça, quer na arena, quer no curro. Para os seus cultores, estas manifestações de grande beleza visual, fazem parte do nosso património cultural e têm raízes históricas profundas que, de uma penada, não podem ser postas em causa…
A
nossa identidade cultural, não pode estar sujeito a ideologias sectárias, pois
os touros abatidos em consequência das corridas, são uma percentagem residual
de pouco mais de 0,2% em relação aos bovinos destinados ao “bife no prato”…
Por
isso, jamais devemos deixar morrer a festa brava, enquanto esta durar, para
além de todas as considerações humanistas que pretendam a alteração das normas
até aqui vigentes.
Como já alguém disse a propósito da tourada “celebrar a morte é celebrar a vida (…) e um dos graves problemas da civilização ocidental foi não saber celebrar a morte e, portanto, tem dificuldade em celebrar a vida”, acrescentando ainda que a tauromaquia “é a relação mais saudável que um homem pode ter com a natureza em comparação com animais que ficam imóveis o mínimo de tempo possível, cheios de hormonas, para serem abatidos e comidos”, censurando ainda aos antitaurinos a sua “arrogância do mundo urbano em relação ao mundo rural” (Daniel Oliveira – jornalista, colunista e comentador).
Não
deixemos alterar os hábitos e costumes da sociedade, pelos que não foram por
nós mandatados para isso.Campinos.
Os touros de lide são animais fascinantes, criados com a única finalidade de irem à praça para serem lidados. Se a tourada desaparecer, também o touro bravo, será uma espécie em extinção por falta de utilidade, além da imensa economia que se desenvolveu à sua volta. O cavalo lusitano, também terá o seu destino ameaçado, assim como o ecossistema das terras férteis da lezíria que permitem a criação do gado bravo.
Cavaleiros. |
Cavaleiros. |
Pega (forcados) |
Pega (forcados) |
A
relatividade dos conceitos e julgamentos morais aplicados à tourada, estão
inseridos num contexto cultural e místico que transcende o seu efeito físico numa
representação simbólica da luta onde a coragem humana vai enfrentar
os medos representados pela força bruta e instintos primitivos do touro. Tudo
isto, num processo de superação dos traumas e medos que resistem no
inconsciente humano — e jamais no prazer do sofrimento infligido, como alegam
malevolamente os antitaurinos
Por
tudo isto, estamos aqui a lutar em prol da sobrevivência da festa brava, à qual
as minhas costelas paternas com origem no Ribatejo, não me deixam
escapatória possível.
João Trigueiros
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Ver:
Generalidades
https://observador.pt/2024/01/03/touradas-com-mais-de-400-mil-espetadores-em-2023-afirma-a-protoiro/
O culto de Mitra na Beira Interior
https://www.altotejo.org/acafa/docsN2/O_Culto_de_Mitra_e_sepulturas_em_rocha.pdf