Manifesto ANTI-PIMBA



Neste jardim à beira mar plantado situa-se um país imaginário com uma população predominante PIMBA e em expansão desenfreada na última década.
Todos os povos e civilizações que entraram em contacto com os PIMBAS, constataram a sua incapacidade para se governarem ou deixarem governar, manifestando, porém, uma grande propensão para a trafulhice, a traficância, a corrupção desenfreada e a rapina.
De entre os seus naturais, aqueles que mais se distinguiam nestas práticas, em vez de serem vítimas da censura geral, são considerados como uma espécie de heróis. O seu panteão tem vários deles cujo mérito foi o de apenas se celebrizarem como salteadores.
Como todas as sociedades primitivas actuais, muito semelhantes ao Yanomani da Venezuela, são uma sociedade acéfala, debilmente hierarquizada e com fracas instituições de autoridade.

(1.º)

Tiveram duas efémeras épocas de glória: a primeira, durante o Século XVI em que descobriram e entraram em contacto com diversos outros povos; a segunda, já durante os finais do Século XX quando vários outros povos da Europa civilizada os redescobriram, inundando-os com dinheiro para os tirar da miséria em que vegetavam.
Destas duas épocas tiraram pouco proveito. Da primeira, delapidaram toda a riqueza gerada em efémera ostentação. Da segunda, tendo persistido nos mesmos erros, acabou por resultar a expansão da ridícula cultura PIMBA, a qual pretendemos combater por representar um dos factores de degradação deste povo e da sua provável extinção.
Os PIMBAS estão por toda a parte, tomaram de assalto as instituições, a cultura, a imprensa, as televisões, os governos, a economia e a bolsa. Predominam, comandam, fazem a lei, exploram e remetem os restantes cidadãos para a mais abjecta clandestinidade.
Os PIMBAS são laxistas, venais, agiotas, e passam a vida a fingir.
Fingem que governam, que administram, que aplicam a justiça, que ensinam e, acima de tudo, patenteiam o seu baixo nível mental não conseguindo fazer nada direito.

(2.º)

Os PIMBAS, apesar de terem conduzido a Portugalândia a um nível cultural pouco mais que rasteiro, são especialistas na linguagem pretensiosa, hermética, cifrada e cheia de eufemismos. Pretendem fazer passar a ideia de que tem intelecto, apenas expondo a sua vacuidade mental.
Os PIMBAS são megalómanos e mostram uma atracção fatal por obras e empresas desmesuradas. Estão quase no terceiro mundo, e fazem obras públicas faraónicas como se estivesse no primeiro.
Os PIMBAS têm debilidade anímica, são torpes e carentes de sentimentos nobres. Aparecem regularmente na televisão em concursos de comer baratas e minhocas a troco de alguns tostões, sem se apercebem da pequena diferença que separa uma vedeta da sua caricatura.
Oitenta por cento de toda a actividade mental dos PIMBAS é dedicada à TEOLOGIA-DO-ESFÉRICO. Ela ocupa a quase totalidade dos espaços informativos da televisão, da rádio e dos jornais, movimentando cifras astronómicas que fazem mover à sua volta uma cáfila ávida de dinheiro.

(3.º)

Os PIMBAS espezinham a Ética. São capazes de vender a mãe, numa qualquer esquina pública. Tão depressa vão à Igreja, como no regresso passam pelo bordel.
Dedicam-se com gosto à agiotagem e à traficância mais sórdida e perniciosa, apaziguando a consciência em actos ostensivos de caridade pública.
Os PIMBAS pensam que a Estética é um tratado sobre as mil e umas maneiras de cozinhar bacalhau.
Os PIMBAS gostam de música, de preferência com cenografia de casa de passe.
São sensíveis à arquitectura, constroem edifícios em tons de verde alface e cor-de-rosa, com uma espécie de frontões triângulos e colunas gregas, numa alusão ao classicismo, para compensar a sua falta de classe. Barracas de tirinhos na Feira Popular têm melhor arquitectura …

(4.º)

Os PIMBAS gostam de ir de férias para o Algarve todos-ao-mesmo-tempo-e-à-molhada, para serem-vistos-de-férias, como se este hábito lhes estivesse no sangue desde o tempo do Senhor D. Vasco da Gama.
Os PIMBAS têm dezenas de contas bancárias na América Latina, não para disfarçarem a agiotagem, a venalidade e a rapina, mas para insinuarem que já o têm desde os tempos do Cristóvão Colombo.
A espécie — PIMBAS CORRUPTUS — é a mais perigosa e em franca expansão em todos os areópagos da política. Quando descoberta, demite-se, com o fim de ocupar um cargo muito melhor remunerado numa empresa pública qualquer.
Adoram ostentar marcas de contrafacção, para desfrutarem de seu status “made in Tailândia”.
Devoram todos os manuais das boas maneiras mas, como nem tudo vêm nos ditos manuais, os PIMBAS continuam na pré-história da boa educação.

(5.º)

Os PIMBAS já não combinam fatos escuros com peúgas brancas, não amarram o guardanapo à volta do pescoço mas, as espécies mais trogloditas, ainda continuam a arrotar à mesa, para logo de seguida pedir desculpa, numa demonstração das "suas" boas maneiras.
Os PIMBAS adoram usar gravatas estilo americano-suburbano-em-férias, e usar óculos de sol em casa ou à noite.
Os PIMBAS adoram passear com a família em megalómanos centros comerciais, de preferência em fato de treino com fluorescentes efeitos de cor, e ténis de marca comprados nos ciganos de Carcavelos. Não distinguem a megalomania ordinária do Centros Comerciais das poéticas lojas de bairro.
Os PIMBAS já não usam a linguagem de caserna militar, antes adoptando a terminologia do “marketing”. Já não frequenta os restaurantes tradicionais, prefere antes os novos comedouros a armar ao fino, com rações alimentares de plástico.

(6.º)

Os PIMBAS tratam todos os amigos com sonoros Doutores ou Engenheiros, vaidade que se lhes perdoa se os mencionados amigos tiverem pelo menos a quarta classe feita durante o Antigo Regime, porque os diplomas de actuais faculdades de vão de escada, passados aos Domingos e obtidos por Fax, são inaceitáveis e expõem-nos ao ridículo.
Os PIMBAS exibem o automóvel no meio social como uma comenda honorífica, e na estrada como um revólver para jogar á roleta russa. Matam-se e estropiam-se uns aos outros em grandes quantidade nas épocas festivas. Calcula-se que nas últimas duas décadas, já morreram mais destes espécimes na estrada do que portugueses de lei pereceram na batalha de Alcácer-Quibir e na Guerra Colonial. Aconselham, as vozes prudentes, que nos países com o nosso nível cultural e educacional, a passagem da besta e da carroça ao automóvel deva ser gradual e levar duas ou três gerações. Não foi impunemente que, em vinte anos, se puseram alguns milhões a andar sobre rodas.

(7.º)

Os PIMBAS são um subproduto cultural em expansão, caracterizado pela boçalidade.
Os PIMBAS moldaram o país à sua imagem e agora estão a ficar alarmados por terem o Bronx ao virar da esquina.
Os PIMBAS não merecem a nossa confiança. Sempre que se dá confiança a um Pimba o resultado é desastroso.
Os PIMBAS fascinam-se com as mais sofisticadas tecnologias de ponta: as últimas parabólicas, os últimos telemóveis, e todas as espécies de automatismos sofisticados; tudo isto para mais facilmente anestesiar a ruralidade original. O telemóvel de último grito representa a sua promoção a VIP, usando-o como neuróticos furiosos, especialmente em locais públicos.

(8.º)

Os PIMBAS gostam de chafurdar no lamaçal, são ignorantes, apenas lêem jornais desportivos e revistas do coração. Para eles Guerra Junqueiro, Eça, Camilo, ou o Alves Redol, são antigos jogadores da 3.ª Divisão.
Os PIMBAS são um embuste, estão em todos os partidos e revelam-se ideologicamente indigentes. Eles, politicamente, dão o seu melhor contributo para ficarmos cada vez mais parecidos com a Roménia, a Albânia, ou o Burkina Fasso.
Os PIMBAS embebedam-se com o facto de sermos todos europeus esquecendo-se que, no que lhes diz respeito, são os Cro-Magnom da Europa e, como estes últimos, irão extinguir-se...
Os PIMBAS são bairristas. Não lhes bastando a fatal pequenez deste seu Jardim, querem, ainda, por ambição e calculismo, dividir a Portugalândia em muitas outras regiões: tantas quantos os Códigos Postais, segundo uns; ou ao sabor dos interesses de diversos caciques locais, segundo outros.

(9.º)

Os PIMBAS são servis perante os superiores, e sempre dispostos a espezinhar quem lhes está por baixo. Evite-os a todo o custo...
Os PIMBAS, como bons laxistas, são fanáticos dos sistemas educativos permissivos.
Os seus filhos com nomes de heróis de telenovela e criados na ausência de princípios que lhes permita uma vida sã e equilibrada, tornaram-se na maioria dos casos seres em perfeito estado de selvajaria o que trás o sistema educativo em estado de sítio.
Os PIMBAS confundem o subsídio de Natal com o Banco de Portugal, a sua conta corrente com o Orçamento Geral do Estado. Por isso, ou vivem de habilidades, ou já se endividaram até ao ano 3.000.
Os PIMBAS são incapazes de sobreviverem pelos próprios meios: perdido o Império, tornaram-se nos mendigos da Europa.
Se ALMADA fosse vivo, os PIMBAS seriam ...  as PÚSTULAS DO DANTAS.

J.T., 2005

Obs: Nesta data ainda não tinha chegado a Troika para nos tirar da Banca Rota a que um PIMBA-MOR nos conduziu.
Algumas coisas que foram aqui mencionadas, até parecem proféticas ...