2019-07-29

O TERRORISMO DA CLIMATOLOGIA




(Paris com –40º, até a tinta congela na extremidade da caneta)

Estamos cientes que vivemos numa época de aparente conhecimento no domínio da climatologia, mas, na realidade, vivemos aflitivamente sob de uma profunda ignorância que aproveita ao terrorismo climatológico – sabe-se lá com que interesses inconfessáveis...
Estará o clima a mudar? De todo, não nos parece e, se estivermos mesmo perante uma alteração, é um processo muito lento e natural, no qual a intervenção humana tem pouca relevância. Lembremos as várias glaciações que conhecemos…
Apenas não temos uma linha cronológica, com meios audiovisuais que nos mostrem a evolução climática do nosso passado próximo.
Recorrendo à história, só na Europa, podemos constatar longos Invernos com temperaturas baixíssimas, e Verões sucessivos com estiagens muitíssimo prolongadas, tanto no XIV e XV, como desde o século XVII ao século XX.
Há imensos relatos escritos sobre estes acontecimentos. Porém, não tivemos, no passado, uma máfia de interesse económicos ligados à indústria do fogo, nem uma comunicação audiovisual a amplificar e a incentivar a histeria colectiva.
Estas ocorrências climatéricas inesperadas, levaram à fome de milhões de seres humanos na Europa – já para não falar na China e na Índia –, à propagação de doenças, com as consequentes guerras e revoltas de diversas populações asfixiadas com impostos elevados devido às crises que estas situações provocavam.
Por tudo isto, não levamos, tal como vários países, muito a sério o “Acordo de Paris” (2015) que no Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (CQNUMC) pretende reduzir a emissão de gases estufa.
As variações que constatamos, sempre existiram, e sempre existirão.
Desde a origem da Terra, já se extinguiram milhões de espécies, e muitos outros milhões se extinguirão até ao final dos tempos.
É a evolução natural.
Devemos tentar reduzir a poluição, para melhorar o clima. Mas sem histerismos…

Vejamos um só exemplo:

UM ANO FATÍDICO – 1709
(Paris com – 40º, até a tinta congela na extremidade da caneta)
O ano de 1709 marcou o início da actividade diplomática do 4.º conde de Tarouca. (…), quando «O Inverno rigoroso tinha paralisado a economia francesa desde Janeiro». Há relatos da época que apontavam para temperaturas abaixo dos -40º. O Sena gelara, a fome instalara-se no país e as revoltas chegavam até ao coração do poder. Sobre Versalhes marchou uma multidão de miseráveis provenientes de toda a França.
Uma nota da marquesa d’Huxelles para o marido, Nicolas d’Huxelles, marechal e diplomata francês encarregado de negociar a paz desde 1710, revela a situação melhor que muitas palavras: “Les nouvelles sont courtes, Monsieur, l’encre gèle au bout de la plume.(a tinta congela na extremidade da caneta)».

In SUMMAVIELLE, Isabel Maria de Araújo Lima Cluy, O Conde de Tarouca e a diplomacia na Época Moderna. Lisboa, Livros Horizonte, 2006, p. 150.

Deixem-nos em Paz
Deixem-se de alarmismos.

João Trigueiros

2019-07-16

ALDEIA DE JOANES / ALDEIA NOVA DO CABO (Fundão) – CAPELA TRANSFORMADA EM POSTO DE CORREIOS



Capela / Balcão dos CTT,
Aldeia Nova do Cabo.
Fundão, Aldeia Nova do Cabo, 
Solar dos Condes de Tondela (actual junta de freguesia)



























Aldeia Nova do Cabo 

Fundão, Aldeia Nova do Cabo, Solar dos Condes de Tondela
(actual junta de freguesia)
De passagem pelas diversas aldeias do concelho do Fundão, quase sempre ficamos surpreendidos por alguns aspectos pitorescos que nos surpreendem positivamente na paisagem; assim como alguns atropelos que resultam da falta de sensibilidade dos seus autores, como é o caso aqui constatado.
Em Aldeia de Joanes e Aldeia Nova do Cabo, desta vez, deparamo-nos com um atropelo de mau gosto à sensibilidade estética da população, senão à religiosidade de alguns crentes.

Referimo-nos a um posto de correios – loja CTT – instalado na capela da antiga casa dos Condes de Tondela (1861), a qual foi ocupada na sequência da revolução do 25 de Abril de 1974 e é actualmente sede da respectiva Junta de Freguesia de Aldeia Nova do Cabo.

Esta casa e respectiva capela foi mandada edificar em 1861 por PEDRO DE ARAGÃO DA COSTA SÁ VICTORIA (n. 1819), nascido a 18-X-1819 na Quinta da Ponte, freguesia da Faia, concelho da Guarda, o qual veio residir em Aldeia Nova do Cabo, Fundão, onde tinha um apreciável património fundiário por herança de seus pais Bartolomeu de Aragão da Costa Tavares e Sá (c. 1780) e D. Maria Joana Roede da Vitória (n. 1782), 2ª baronesa de Tondela.

Perante a alteração de funções deste pequeno orago católico — outrora destinado à comunicação com Deus e agora virado às profanas e rentáveis comunicações postais —, não ficaríamos muito surpreendidos, não fosse a permanência no seu altar-mor da imagem de Nossa Senhora de Fátima ladeada por dois modelos de embalagens postais de caixas de cartão, à laia de querubins, numa espécie de instalação plástica surrealista digna do Teatro-Museu Dali em Figueres (Catalunha).

Tudo isto com um balcão no lugar do altar onde um funcionário atende à maneira de um celebrante da Missa "de frente para o povo", tendo à sua frente um monitor de computador. Os diversos ícones religiosos foram substituídos por inúmeras bugigangas das que actualmente são vendidas neste tipo de lojas: tais como frascos de compotas e mel da região, ao lado da pia de água benta de granito adossada na parede, e uma mostra museológica de instrumentos musicais de uma antiga banda de música desta freguesia – numa parafernália que aparenta a sua inspiração na malícia do Daesh.
Mesmo defronte deste solar, no outro lado da rua, a existência de duas antigas e amplas cocheiras, permitiriam a instalação destes serviços sem atropelos de mau gosto, e sem a profanação pagã deste orago …
Esta visão, trouxe-nos à memória as muitas barbaridades ocorridas neste país com a extinção das ordens religiosas após as Lutas Liberais (1834), e a Primeira República (1910); acontecimentos estes que, aqui na Beira, levaram à alienação de muitos pequenos templos religiosos, dos quais alguns foram demolidos, ou alienados e convertidos em estábulos, arrumos agrícolas e adegas — dispersando e vandalizando o seu património artístico …



Aldeia de Joanes

Fundão, Aldeia de Joanes, Igreja de São Pedro.
Já agora, deixamos aqui uma chamada de atenção para algumas modernices, entre muitas outras, que são um atentado ao património edificado da contígua freguesia de Aldeia de Joanes.
A sua antiquíssima Igreja de São Pedro (1233?), de traça ainda românica, que esteve inicialmente sobre a alçada da Ordem do Templo, começa a testemunhar a iniciativa “modernizadora” dos seus autarcas que, deste modo, querem deixar obra.  
Uma destas é uma moderna capela mortuária, que em nossa opinião foi abusivamente edificada à ilharga desta igreja, não a respeitando pelo seu pouco distanciamento, nem pelos materiais utilizados, nem pelo cromatismo das suas paredes; o que compromete a integridade da vetusta igreja que lhe está próxima demais.
A este conjunto, acrescentaram ainda uma dissonante e desproporcionada luminária modernista, que completa o mau gosto que vai imperando no património concelhio.


Aldeia de Joanes, Igreja de São Pedro,
e Capela Mortuária
Aldeia de Joanes, Capela Mortuária.
(Tem anexa uma capela mortuuária "modernista")


















O Museu Arqueológico Municipal Dr. José Monteiro, do Fundão, tem uma direcção e uma equipa técnica com sensibilidade, competência e conhecimentos, no domínio do Património e da Museologia, que é uma mais valia para acompanhamento destas pequenas obras e muito contribuiria para evitar estes equívocos...

Assim o queiram as diversas juntas de freguesia.
Aqui fica a sugestão.


    João Trigueiros
Aldeia de Joanes, Igreja de São Pedro,
com luminária "modernista".





















Adenda:


UM POUCO DE TRANQUILIDADE NO DESASSOSSEGO

Jamais questionamos a existência de uma estação de Correios em Aldeia Nova do Cabo, e até sugerimos, em alternativa a esta, a sua instalação numa edificação fronteira ao solar, no outro lado da rua. Para os moradores da freguesia, esta alteração não faria a mínima diferença.

Se a população encara com naturalidade a instalação desses serviços neste local, à mistura com compotas, instrumentos de música, e ícones religiosos, por iniciativa de uma junta de freguesia de um estado laico, até ficamos muito felizes. A população local, deste modo, demonstra o seu grande sentido de humor – que nós muito apreciamos – e o seu interesse estético pelo surrealismo… A nosso alerta aqui expresso – ao contrário do que alguns pretendem –, nada tem de motivação eleitoral, até porque actualmente sentimos alguma repulsa pela política, da maneira como tem sido exercida nas últimas décadas. Neste caso, apenas as questões estéticas e patrimoniais, por uma questão de gosto pessoal e de formação académica, foram a nossa única motivação.

Dos poucos políticos locais que conhecemos pessoalmente, um dos únicos é o empenhado Dr. Paulo Fernades, presidente da C.M.F, com o qual privamos ainda ele era um “outsider” da política. Para ele vai a nossa admiração, pelo trabalho realizado e pela sua coragem em dar o corpo às balas na sua ingrata tarefa. Dos presidentes de junta, não conhecemos nenhum, tampouco as suas filiações partidárias, pelo que qualquer crítica – como a que nos foi feita através da Rádio Renascença / Sapo – não tem a menor sustentação como motivação política.

Nada nos chocou – longe disso –, que a funcionalidade desta capela fosse alterada em prol de uma população carente de serviços públicos, desde que despojada de todos os símbolos religiosos, e pautada por algum bom-gosto – o que não é este o caso … Daí a nossa crítica.

Mas, como diz o Quim Barreiros na música “O Peixe”, “cada um come o que gosta” …