Toda a gente tem obrigação de saber que nós portugueses fomos uma fonte de civilização em África, onde deixamos um grande património cultural e civilizacional que em nada nos envergonha se comparados com outros povos europeus.
Por isso nada temos a devolver (o que nem
sequer até agora nos foi oficialmente pedido), pelo que são dispensáveis os
delírios de alguns acéfalos.
Os bens museológicos oriundos de África, cuja
devolução vem sendo pedida por vários países desse continente, assim como por
países do sul da Europa que também foram pirateados, foram saques de guerra, o
que nada tem a ver com as colecções etnográficas e etnológicas africanas
reunidas — pacificamente — pelos portugueses, e dispersas por alguns museus
nacionais.
Caso essas peças tivessem ficado em África, não
teriam sobrevivido ao tempo, tal como os milhares de peças de arte que lá
deixamos, desprezadas e ao abandono. Foram muitas centenas de obras de
estatuária e pintura, sobre a História que temos em comum com esses povos, que
foram destruídas numa sanha persecutória à nossa história comum.
Jamais devemos devolver os bens culturais que
reunimos – pacificamente, repito – nas então colónias portuguesas de África.
Há por aí um pequeno grupelho de portugueses de
papel passado, mas com problemas de identidade e de pertença, que se propõe
(patrioticamente?) ao confisco do nosso património museológico...
Melhor seria que estes seres carregados de
melanina, fizesse alguma coisa útil em prol do país — que dizem também ser seu,
apesar de o quererem espoliar —, e reivindicassem a devolução do saque
cirúrgico feito pelas invasões francesas sob as ordens de Napoleão, pelo seu
executor, o célebre naturalista e zoólogo Geoffroy Saint-Hilaire.
Para facilitar o trabalho proposto, aqui vai uma pequeníssima lista dos bens culturais a reaver:
1. Milhares de espécimes, das quais faziam parte centenas de animais empalhados (do Palácio da Ajuda saíram mais de mil animais), e vegetais, os quais fazem parte da colecção do “Cabinet de Lisbonne”, actualmente no Museu de História Natural de Paris.
2. Vários carros de bois carregados de peças de
metal precioso (ouro e prata), saqueados ao Tesouro da Sé de
Lisboa.
3. Muitas colchas indo-portuguesas, actualmente
no Museu de Lion.
4. Centenas de porcelanas, actualmente no Museu
do Louvre.
Depois desta reposição proposta, iremos analisar a questão dos
bens culturais deixados / trazidos de África – já não falando do património em
geral.
João Trigueiros